quarta-feira, 28 de maio de 2008

Os pés mais lindos do mundo (cômico)


Quando ele viu os pés da gatinha, ficou ensandecido. Era a coisa mais linda que ele já tinha visto na vida. Claro que o sujeito era tarado por pés, mas o fato é que ele nunca havia paquerado pezinhos femininos tão formosos quanto aqueles. Uma lindeza.

Foi na praia, num dia de muito calor. De início, ficou rodeando a moça, olhando discretamente para os seus artelhos e calcanhares. Houve até um momento em que ele jogou uma bolinha de frescobol para bem pertinho dos pezinhos idolatrados só para se aproximar e ver detalhes. E realmente o close não deixava dúvidas: eram os pés mais perfeitos do mundo.

Conseguiu marcar um encontro para aquela noite, às 9:00 horas. Colocou seu melhor perfume, passou um desodorante bem selvagem e foi à luta. Quando chegou lá, os pés já estavam esperando por ele. Veio numa sandália Samelo, meio salto, com os calcanhares completamente desnudos e as unhas pintadas numa cor bastante discreta. Sem conseguir se controlar, começou a sentir ereção, apesar de nem ainda ter chegado perto da mulher que era dona daquela maravilha. Ela percebeu, disfarçou um sorriso e sugeriu a ele que entrassem no restaurante para que pudessem conversar mais à vontade.

Entraram no Família Mancini e escolheram uma mesa bastante romântica, com luz de velas e um violinista à disposição. Começaram a conversar despretensiosamente. Entre um sorriso e outro da dona dos divinos apoios basais do corpo humano, ele achou que tinha sentido alguma coisa roçar suas pernas por debaixo da mesa. Coçou a canela, abaixou-se sutilmente, levantou a toalha de mesa e pôde ver aqueles pezinhos maravilhosos, absolutamente desnudos, procurando o seu corpo para fazer um carinho. Ele voltou à postura disciplinar e começou a sentir calafrios. "Aqueles pés estão querendo me deixar louco", pensou. De repente, a coisa foi mais além: ele começou a sentir o divino pé subindo por entre suas pernas em direção à sua genitália. Quando já estava na coxa, ele segurou o pezinho e conduziu-o até o pinto. Olhou para a mulher e ela estava com um sorriso ao mesmo tempo angelical e diabólico. Ela começou a roçar, roçar, roçar, roçar. Quando já estava quase chegando ao orgasmo, o garçom chegou com a sopa que eles haviam pedido. Percebendo que o seu cliente estava em transe por uma causa aparentemente nobre, ficou meio descompensado, tropeçou e derrubou a sopa em cima do nosso podófilo. A sua companheira deu um gritinho porque a sopa também queimou o seu pezinho e o nosso amigo deu dois gritos estridentes logo depois: um por ter ficado com o pênis sapecado e outro por ter imaginado que os pés mais bonitos do mundo poderiam ter ficado feridos. Pagou um esporro no garçom (literalmente), pegou a sua companhia pelas mãos (se desse, a pegava pelo dedão do pé, certamente) e foi embora.

Mas a noite não terminou mal para os dois. Acabaram indo para um motel de luxo, onde ele comeu o pé da fêmea de que dispunha de tudo quanto era maneira e depois do desgaste emocional e físico, fizeram uma bela de uma refeição e dormiram felizes até o dia seguinte.

No dia seguinte, quando o podófilo acordou, a mulher não estava mais ao seu lado. Porém, os pés sim. Ao lado deles uma carta de despedida.

"Meu amor,
Como ficou evidente que você na verdade estava amando os meus pés e não a mim, resolvi ir embora. Como forma de agradecer eternamente por essa noite maravilhosa que você me proporcionou, porém, deixo os meus pés biônicos para você de presente, São pés importados da Finlândia, onde estão sendo desenvolvidas as mais avançadas tecnologias para reconstituição de pés e mãos humanos. Custou-me uma fábula, mas não tem problema. Eu tenho um par reserva e depois eu me viro e compro outro.

Quero que você seja muito feliz com essa parte de mim.

Serei sempre sua.

Beijos eternos".

Quando ele acabou de ler a carta, caiu em prantos. O fato de saber que aqueles pés perfeitos agora seriam só dele causou-lhe uma crise de choro como nunca tivera antes. Abraçou-se aos pés que agora faziam dele um quadrúpede e acabou dormindo outra vez, tendo os sonhos mais lindos que um maníaco poderia ter. Na rádio, coincidentemente, Roberto Leal cantava "Bate o pé", o que o deixou com cara de bebê feliz. Pegou o pé direito, colocou o dedão na boca e, dormindo, ficou chupando-o como se estivesse chupando uma chupeta.

"O bate o pé, bate o pé, bate o pé
O bate o pé, faça assim como eu
O bate o pé, bate o pé , bate o pé
Foi assim que meu amor se perdeu"


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