quarta-feira, 4 de junho de 2008

Masturbação coletiva

Eu estava no ônibus e não podia imaginar que aquele seria o meu dia. Dez curvas e cinco minutos depois de eu ter embarcado, entra uma loura chiquérrima. Nada sem combinar. Bustos deliciosos, querendo escapar do bustiê. Saia curtíssima. Sorriso orgasmante. A mulher era tudo de bom. Pagou a passagem e foi sentar-se justamente do meu lado. Toda recatada, sequer olhou pra mim. Se bem que não dava para perceber os detalhes do movimento do seu globo ocular, pois ela estava usando uns óculos escuros Pierre Cardin lindíssimos. Como percebi que aquele peixe não era para a minha isca, resolvi continuar olhando a paisagem que se impunha diante da janela. Passaram-se mais uns cinco minutos e eu comecei a cochilar. A viagem era longa e eu não havia dormido bem naquela noite. Comecei a ter um sonho com a própria louraça que estava do meu lado. Ela começava a rir para mim, falava umas confidências no meu ouvido e começava devagarzinho a apalpar meu pênis. Uma coisa maravilhosa. Um hálito angelical (hálito de anjo deve ser bom). Enfim, era como estar no paraíso. Comecei a relaxar no banco e parecia que a coisa estava se intensificando. De repente, por causa de um buraco, despertei e, quando olhei, a loura estava imponente, com os olhos escondidos por trás dos óculos, mas com a mão boba efetivamente alisando o meu cacete. Arrepiei e fiquei todo gelado. Menos no cacete, que começou a pular randomicamente, como se fosse um frango cuja cabeça tivesse sido recém-arrancada. O sonho de mulher falou baixinho pra mim.

-Está gostando?

-Sssim... Súbito, ela começou a massagear-me mais fortemente. Eu estiquei as pernas como se estivesse espreguiçando e deixei o barco rolar. Quando estava na iminência do orgasmo, um senhor que estava no banco de trás bateu no meu ombro e pediu para eu ajudá-lo a encontrar umas moedas que haviam caído chão.

-Por favor, amigo. É muito importante para mim. Eu sou pobre, não enxergo bem e esse é o único dinheiro que tenho para o almoço. A loura maravilhosa imediatamente tirou a mão da minha caceta e estendeu a palma como se estivesse dando passagem para que eu fosse procurar as moedas da porra do cara. Saí, comecei a procurar as moedas, agachando-me, curvando-me, esticando-me feito um palhaço no ônibus. Mas sabia que, depois daquilo, além de ter praticado uma boa ação, ainda iria poder desfrutar daquelas mãos macias e, quem sabe, não rolasse uma punheta de fato e de direito como recompensa à minha boa ação? Fiquei mais eufórico e comecei a ser mais rápido. Consegui encontrar todas as moedas e o bom senhor agradeceu-me muito. Quando me viro para voltar para o meu banco para obter a recompensa, não havia mais ninguém.

-Cadê a loura que estava aqui? Cadê a loura que estava aqui?

O senhor a quem ajudei falou:

-Ela foi embora. Olha ela lá!

Olhei para fora e a loura gostosérrima estava entrando num táxi e dando adeusinho pra mim.

-Poooorraaaa! - Gritei.

-Posso te ajudar, meu amigo? - Disse o senhor das moedas.

-Pode, seu filho da puta! Me dá essas porras dessas moedas aqui!! Hoje você não vai comer!

Embolamo-nos no ônibus com mordida na orelha, no nariz, porrada no olho etc. Fomos parar na delegacia. Fui acusado de roubo pelo filho da puta (com testemunhas tão filhas da puta quanto o delator) e fui para o xilindró. Fiquei preso, junto com um bandido de alta periculosidade.

Uns três dias depois do meu inquilinato compulsório, foi o primeiro dia de visita. Os presos que tinham mulher podiam recebê-las na cela. O bandidão que estava no mesmo xilindró que eu falou que ia receber sua mulher e disse que, quando ela chegasse, eu fosse para a latrina e ficasse com a cara virada para a parede. Às duas horas da tarde, a mulher chegou. Por precaução, eu havia me antecipado e já estava com a cara para a parede e em cima da latrina. Só dei uma olhadinha para trás, num ato reflexo, e pude ver o bandidão com uma puta cara de mau, olhando pra mim, e, do seu lado, a loura do ônibus com aquele sorriso inesquecível. Disfarçadamente, ela fez um movimento de masturbação com a mão direita e depois virou o rosto e começou a se esfregar no bandidão. Agüentei uns cinco minutos sem olhar para trás. Quando não me contive mais e olhei, a louraça estava de pernas abertas olhando pra mim e o bandidão por cima dela. Com o pau em EML (estado máximo de latejamento) e a cuca em erupção, dei um grito demoníaco e parti para cima dos dois. O bandidão pegou uma faca que estava perto dele e jogou em mim. Morri.

Quando cheguei ao purgatório, comecei a me queixar, dizendo que não merecia aquilo, que não era a minha hora, blá blá blá blá blá blá. O capeta falou para ficar calmo (é preciso ter muita calma nessas horas, disse sarcasticamente) e me deu um chute na bunda, encaminhando-me para uma sala de espera. Sentei num banco que estava fervendo e esperei, esperei, esperei. Súbito, a porta se abre e, quem entra? A loura, meu! Com hematoma nos dois olhos e com uma facada no coração, mas era a louraça!! Com as duas mãos e tudo mais! Sentou do meu lado e começou a desabafar:

-Ele não me entendeu. Quando eu falei para ele que te conhecia do ônibus e que tinha quase certeza de que você foi preso por causa de mim, ele me deu duas porradas e uma facada fatal. Mas não tem importância. Agora estamos aqui, juntinhos de novo.
Disse isto e começou a escorregar a mão outra vez na minha caceta. Puta que pariu! Loucura, loucura, loucura! Se no banco frio do ônibus já tinha sido bom, imagina sentado naquele banco a setenta graus de temperatura já funcionando como um pré-ejaculador? Começou a me masturbar, masturbar, masturbar. Na hora em que estava quase gozando, o capeta entra e, com um sorriso nos lábios, perguntou-me se eu não poderia ajudá-lo a encontrar umas moedinhas que caíram no chão e que era o dinheiro que ele tinha para almoçar naquele dia. O pau brochou.

Foi aí que eu entendi tudo, porém já era tarde demais...

Desde então, venho tentando morrer pela segunda vez, mas acho que isto é impossível. Resolvi, por isto, desabafar um pouco, contando a minha história para vocês.

A louraça? Depois daquele dia, nunca mais a vi. Uma alma penada, amiga minha, disse-me, outro dia, que o diabo a está comendo, mas eu não quis pagar pra ver.